A problemática da alienação parental: manipulação e consequências

As consequências da alienação parental podem ser devastadoras para todas as partes envolvidas. Para a criança ou adolescente alienado, o conflito de lealdade e a manipulação emocional podem resultar em problemas de autoestima, dificuldades de relacionamento e até mesmo distúrbios psicológicos mais graves, como depressão e ansiedade.

DIREITO DE FAMÍLIA

Ana Paula Muniz Neves

5/7/20244 min read

O que é alienação parental?

A alienação parental é um fenômeno complexo e doloroso que ocorre quando um dos genitores ou responsáveis manipula a criança ou adolescente para que este rejeite, despreze ou crie aversão ao outro genitor, sem justificativa plausível. Esse comportamento pode ocorrer em contextos de separação ou divórcio, e suas consequências podem ser profundamente prejudiciais para o desenvolvimento emocional e psicológico da criança ou adolescente envolvido.

As formas de alienação parental

A alienação parental pode se manifestar de diferentes formas, todas com o objetivo de afastar a criança ou adolescente do outro genitor. Alguns exemplos comuns incluem:

  • Denegrir a imagem do outro genitor, fazendo comentários negativos ou difamatórios;

  • Impedir o contato da criança ou adolescente com o outro genitor;

  • Manipular a percepção da criança ou adolescente sobre eventos passados, distorcendo a realidade;

  • Interferir nas comunicações entre a criança ou adolescente e o outro genitor;

  • Envolvimento da criança ou adolescente em conflitos e disputas entre os genitores;

  • Criar falsas acusações de abuso ou negligência contra o outro genitor;

  • Substituir o outro genitor por uma figura de autoridade ou novo parceiro, diminuindo a importância do genitor alienado.

Consequências da alienação parental

As consequências da alienação parental podem ser extremamente prejudiciais para a criança ou adolescente envolvido. Alguns dos efeitos mais comuns incluem:

  • Problemas emocionais, como ansiedade, depressão e baixa autoestima;

  • Dificuldades nos relacionamentos interpessoais, tanto no presente quanto no futuro;

  • Desenvolvimento de sentimentos de culpa e confusão em relação aos próprios sentimentos em relação aos genitores;

  • Prejuízo no desenvolvimento da identidade e autoconceito;

  • Dificuldades acadêmicas e baixo desempenho escolar;

  • Problemas de saúde mental, como transtornos de estresse pós-traumático;

  • Impacto negativo na relação com o genitor alienado, podendo levar ao afastamento permanente.

O papel da justiça e da sociedade

A alienação parental é um problema sério e que requer atenção tanto da justiça quanto da sociedade como um todo. É importante que existam leis e mecanismos de proteção para prevenir e combater a alienação parental, garantindo o bem-estar das crianças e adolescentes envolvidos.

Os profissionais da área jurídica desempenham um papel fundamental na identificação e tratamento de casos de alienação parental. É importante que os juízes e advogados estejam familiarizados com as características e consequências desse fenômeno, para que possam tomar decisões embasadas e agir em prol do melhor interesse da criança ou adolescente.

Além disso, a sociedade como um todo também tem um papel importante na prevenção da alienação parental. É fundamental que haja uma conscientização sobre os danos causados pela alienação parental e que sejam promovidas ações de educação e informação para que as pessoas possam reconhecer e denunciar casos de alienação parental.

Como lidar com a alienação parental?

Lidar com a alienação parental pode ser extremamente desafiador, tanto para o genitor alienado quanto para a criança ou adolescente envolvido. No entanto, existem algumas estratégias que podem ajudar nesse processo:

  • Buscar apoio jurídico e psicológico: é importante contar com profissionais especializados que possam orientar e auxiliar tanto o genitor alienado quanto a criança ou adolescente;

  • Manter a comunicação aberta: mesmo que seja difícil, é importante tentar manter uma comunicação saudável e respeitosa com o genitor alienado, sempre pensando no bem-estar da criança ou adolescente;

  • Evitar confrontos e discussões na frente da criança ou adolescente: é fundamental proteger a criança ou adolescente de conflitos e disputas entre os genitores;

  • Buscar a mediação familiar: em alguns casos, a mediação familiar pode ser uma opção para resolver conflitos e encontrar soluções que sejam melhores para todos os envolvidos;

  • Buscar o apoio de grupos de apoio e redes de suporte: existem diversos grupos e organizações que oferecem suporte e orientação para genitores alienados e crianças ou adolescentes envolvidos em casos de alienação parental.

Estatísticas Alarmantes

De acordo com estudos recentes, a alienação parental é mais comum do que se imagina e afeta famílias em todo o mundo. Uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psicologia revelou que aproximadamente 11% das crianças e adolescentes nos Estados Unidos já foram vítimas de algum tipo de alienação parental. No Brasil, estima-se que mais de 20% das famílias envolvidas em processos de separação ou divórcio enfrentam situações de alienação parental, conforme dados do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

Legislação Brasileira e Internacional

No Brasil, a Lei da Alienação Parental (Lei nº 12.318/2010) define e coíbe esse tipo de comportamento, estabelecendo medidas para prevenir e remediar casos de alienação parental. Entre as medidas previstas na legislação brasileira estão a possibilidade de reversão da guarda, acompanhamento psicológico para as partes envolvidas e aplicação de multas ao genitor alienador.

Além da legislação nacional, diversos tratados internacionais também abordam a questão da alienação parental, destacando a importância de proteger os direitos fundamentais da criança, incluindo o direito de convivência com ambos os genitores.

Conclusão

A alienação parental é um fenômeno complexo e prejudicial que ocorre quando um dos genitores ou responsáveis manipula a criança ou adolescente para que este rejeite o outro genitor. Suas consequências podem ser profundamente prejudiciais para o desenvolvimento emocional e psicológico da criança ou adolescente envolvido. É fundamental que a justiça e a sociedade como um todo estejam atentas a esse problema, buscando prevenir e combater a alienação parental. Além disso, é importante que os genitores alienados e as crianças ou adolescentes envolvidos recebam o apoio jurídico, psicológico e emocional necessário para lidar com essa situação desafiadora.