Guarda Compartilhada: Como funciona na prática
A guarda compartilhada é uma opção cada vez mais comum para famílias após a separação. Como advogada especialista em Direito da Família, estou aqui para esclarecer como ela funciona na prática.
DIREITO DE FAMÍLIA
Ana Paula Muniz Neves
7/4/20248 min read
O que é guarda compartilhada?
A guarda compartilhada é uma modalidade de guarda que visa garantir a participação ativa e equilibrada de ambos os pais na vida dos filhos, mesmo após a separação ou divórcio. Esta abordagem é baseada no princípio de que o envolvimento contínuo e significativo de ambos os pais é crucial para o desenvolvimento emocional e psicológico da criança. A guarda compartilhada, portanto, busca proporcionar um ambiente favorável onde a criança possa manter laços afetivos sólidos com ambos os genitores, minimizando os impactos negativos que a dissolução da união pode causar.
Na prática, a guarda compartilhada implica que as responsabilidades e decisões sobre a vida da criança são divididas de forma equitativa entre os pais. Isso inclui aspectos como educação, saúde, lazer e bem-estar. A intenção é que ambos os pais tenham uma influência igual e positiva, assegurando que a criança não sinta a ausência significativa de nenhum dos genitores. Além disso, a guarda compartilhada também pode facilitar a comunicação e cooperação entre os pais, promovendo um ambiente mais harmonioso para o crescimento da criança.
Os benefícios da guarda compartilhada são amplamente reconhecidos por especialistas em desenvolvimento infantil. Estudos indicam que crianças que mantêm um contato regular e equilibrado com ambos os pais tendem a apresentar melhor desempenho acadêmico, maior autoestima e menores níveis de estresse. A presença ativa de ambos os pais também ajuda a reforçar sentimentos de segurança e pertencimento, elementos essenciais para o desenvolvimento saudável. Em síntese, a guarda compartilhada não apenas atende aos direitos dos pais, mas, principalmente, coloca as necessidades e o bem-estar da criança em primeiro lugar, garantindo que ela possa crescer em um ambiente de amor e apoio contínuo.
Modalidades de guarda: quais são e como funcionam?
No Brasil, a legislação prevê diferentes modalidades de guarda para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento das crianças após a separação dos pais. As principais modalidades incluem a guarda unilateral, a guarda alternada e a guarda compartilhada. Cada uma possui características específicas e atribui diferentes responsabilidades aos pais, sendo a escolha da modalidade mais adequada dependente das circunstâncias familiares.
A guarda unilateral é atribuída a apenas um dos pais, que assume a responsabilidade principal pela criação e decisões sobre a vida do filho. O outro genitor mantém o direito de visitas e deve participar financeiramente na criação da criança. Essa modalidade é comum quando um dos pais demonstra maior capacidade para cuidar dos interesses do menor, ou quando há um consenso entre os pais sobre essa divisão de responsabilidades.
Guarda alternada implica que a criança passa períodos alternados sob a guarda de cada um dos pais. Neste arranjo, o menor reside com cada genitor por períodos equivalentes, o que pode ser semanal, quinzenal ou mensal, conforme acordado. Cada pai ou mãe assume a responsabilidade integral durante o período em que a criança está sob seu cuidado. Este modelo requer uma boa comunicação e cooperação entre os pais, além de estabilidade e adaptação por parte da criança.
A guarda compartilhada é a modalidade que mais se popularizou nos últimos anos. Nela, ambos os pais dividem de forma equilibrada as responsabilidades e decisões sobre a vida do filho. A legislação brasileira, através do Código Civil, preconiza a guarda compartilhada como a modalidade preferencial, salvo em casos onde um dos pais não esteja apto a exercer suas responsabilidades. A guarda compartilhada visa proporcionar uma convivência mais equilibrada com ambos os pais, promovendo o desenvolvimento emocional e psicológico saudável da criança.
Na prática, a escolha da modalidade de guarda deve considerar não apenas a capacidade e a disponibilidade dos pais, mas também o bem-estar e a adaptação da criança às novas circunstâncias familiares. Cada caso é único e, muitas vezes, será necessária a avaliação de um profissional especializado para determinar a melhor solução para a família envolvida.
Como entrar com o processo de guarda compartilhada?
Iniciar o processo de guarda compartilhada exige uma compreensão clara dos procedimentos legais e dos documentos necessários. O primeiro passo é reunir toda a documentação pertinente, que geralmente inclui certidão de nascimento dos filhos, comprovantes de residência, documentos de identidade dos pais e qualquer prova de renda ou informações financeiras relevantes. Ter esses documentos organizados facilita a comunicação com o advogado e acelera o processo inicial.
A escolha de um advogado especializado em direito de família é crucial. Esse profissional deve ter experiência em casos de guarda compartilhada e um bom entendimento das nuances legais envolvidas. Durante a consulta inicial, o advogado irá avaliar a situação, discutir as opções disponíveis e ajudar a traçar uma estratégia que atenda aos interesses dos filhos e dos pais.
O processo judicial começa com a petição inicial, que é o documento oficial apresentado ao tribunal solicitando a guarda compartilhada. Essa petição deve ser detalhada e incluir todas as informações relevantes sobre a situação familiar. Após a apresentação da petição, o tribunal irá agendar audiências para ouvir ambas as partes e avaliar as circunstâncias do caso.
As audiências podem variar, mas frequentemente incluem sessões de mediação, onde um mediador tenta ajudar os pais a chegar a um acordo amigável. A mediação é uma parte essencial do processo, pois busca resolver conflitos de maneira consensual e reduzir o impacto emocional nos filhos. Se a mediação for bem-sucedida, o acordo alcançado será submetido ao juiz para aprovação final.
Se a mediação não resultar em um acordo, o caso prossegue para uma audiência judicial, onde o juiz tomará a decisão final com base nas evidências apresentadas e no melhor interesse das crianças. Durante todo o processo, é importante manter uma comunicação aberta e honesta com o advogado e estar preparado para fornecer qualquer informação adicional que o tribunal possa solicitar.
Entrar com o processo de guarda compartilhada pode ser complexo, mas com a preparação adequada e o apoio de um advogado especializado, é possível navegar pelos procedimentos legais de maneira eficaz e alcançar um arranjo que beneficie todas as partes envolvidas.
Critérios para escolher a forma de guarda
Escolher a forma de guarda dos filhos é uma decisão crucial que deve ser tomada com base em diversos fatores, sempre visando o bem-estar da criança. Um dos primeiros critérios a serem considerados é a idade e as necessidades da criança. Crianças mais novas podem necessitar de uma rotina mais estável e previsível, enquanto adolescentes podem ter preferências mais firmes sobre com quem desejam morar.
A disponibilidade e capacidade dos pais para cuidar da criança é outro aspecto fundamental. Isso envolve não apenas a capacidade financeira, mas também o tempo que cada genitor pode dedicar ao cuidado e educação do filho. Pais que trabalham em horários flexíveis ou possuem maior disponibilidade podem estar mais aptos a assumir uma guarda compartilhada.
A proximidade das residências dos pais é também um fator importante. Se as casas dos pais estiverem em localidades muito distantes, isso pode tornar a rotina da criança mais complicada, afetando seu desempenho escolar e suas atividades sociais. Idealmente, as residências devem ser próximas o suficiente para facilitar o deslocamento da criança entre as casas dos pais, sem grandes interrupções em sua rotina.
A escolha da guarda também deve levar em consideração o impacto na vida escolar e social da criança. Mudanças frequentes de residência e escola podem ser prejudiciais ao desenvolvimento acadêmico e social da criança. Portanto, é essencial que a forma de guarda escolhida permita uma continuidade na educação e nas amizades, proporcionando um ambiente estável e seguro.
Em suma, a decisão sobre a forma de guarda deve ser cuidadosamente avaliada, considerando todos esses critérios para garantir que a escolha feita seja a melhor para o desenvolvimento saudável e feliz da criança.
E se os pais não concordarem entre si?
Quando os pais não conseguem chegar a um acordo sobre a guarda compartilhada, torna-se necessário recorrer a métodos de mediação e conciliação. Esses processos são fundamentais para tentar resolver o impasse de forma amigável e minimizar os impactos negativos sobre a criança. A mediação é conduzida por um mediador imparcial que ajuda os pais a dialogarem e buscarem uma solução consensual. Já a conciliação, geralmente, é realizada no próprio ambiente judicial, com a intervenção do juiz ou de um conciliador.
Se mesmo com a mediação e a conciliação não houver acordo, o juiz pode intervir para tomar uma decisão sobre a guarda. Nesse caso, o tribunal analisará diversos critérios para determinar o que é melhor para a criança. Esses critérios incluem a capacidade dos pais de cuidar do filho, a estabilidade emocional e financeira de cada um, a proximidade da residência de ambos os pais, a relação da criança com cada um dos pais e a opinião da própria criança, dependendo da sua idade e maturidade.
Os litígios prolongados podem ter consequências negativas tanto para a criança quanto para os pais. Para a criança, a tensão entre os pais pode gerar estresse, ansiedade e problemas de adaptação. Já para os pais, um processo litigioso longo pode resultar em desgaste emocional, financeiro e, em certos casos, pode afetar a relação com o filho. Portanto, é essencial que os pais tentem resolver suas diferenças de maneira civilizada e coloquem sempre o bem-estar da criança em primeiro lugar.
A guarda compartilhada visa o melhor interesse da criança, promovendo o envolvimento contínuo de ambos os pais em sua vida. Quando os pais não conseguem chegar a um consenso, o papel dos mediadores, conciliadores e do juiz é crucial para encontrar uma solução justa e equilibrada, que atenda às necessidades da criança e respeite os direitos de ambos os pais.
Dicas e práticas para uma guarda compartilhada bem-sucedida
A guarda compartilhada pode ser uma experiência desafiadora, mas com as práticas adequadas, os pais podem garantir que seus filhos se beneficiem ao máximo dessa estrutura. Um dos aspectos mais cruciais para uma guarda compartilhada bem-sucedida é a comunicação eficaz entre os pais. Manter um canal aberto e honesto de diálogo ajuda a evitar mal-entendidos e a resolver problemas rapidamente. Ferramentas como aplicativos de co-parentalidade podem facilitar essa comunicação, proporcionando um espaço neutro para discussões e atualizações.
Outra prática recomendada é a organização de um calendário detalhado. Manter um cronograma visual pode ajudar a coordenar compromissos escolares, atividades extracurriculares e visitas médicas, assegurando que ambos os pais estejam cientes das responsabilidades e compromissos. Isso evita conflitos de agenda e garante que a criança tenha uma rotina previsível e estável.
Lidar com possíveis conflitos de maneira madura e respeitosa é igualmente essencial. O foco deve sempre estar no bem-estar da criança, e não nas diferenças pessoais entre os pais. Em situações de desacordo, considerar a mediação de um terceiro imparcial pode ser uma solução eficaz para resolver disputas sem causar estresse adicional à criança.
Colocar as necessidades da criança em primeiro lugar deve ser o princípio orientador de todas as decisões. Isso inclui assegurar que a criança mantenha uma relação saudável com ambos os pais e que suas necessidades emocionais, educacionais e sociais sejam atendidas. Criar um ambiente de apoio e compreensão pode ajudar a criança a se adaptar melhor à guarda compartilhada.
Exemplos de boas práticas de outros pais incluem a criação de um livro de comunicação, onde ambos podem deixar mensagens e atualizações sobre a criança, e a participação conjunta em eventos importantes da vida da criança, como aniversários e reuniões escolares. Essas práticas demonstram à criança que, apesar da separação, ambos os pais estão comprometidos com seu bem-estar.
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