Crime de Discriminação Contra a Pessoa Autista: entenda os seus direitos e como agir!
Todas as pessoas têm direito a ser tratadas com respeito e a terem as mesmas oportunidades, independentemente de suas condições neurológicas. Discriminar indivíduos autistas impede sua plena participação na sociedade e pode causar danos emocionais e psicológicos significativos.
DIREITO CIVIL
Ana Paula Muniz Neves
8/7/20248 min lire
O Que é o Autismo?
O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição de desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. As características dessa condição variam amplamente entre os indivíduos, o que significa que cada pessoa autista é única em suas habilidades e desafios. O espectro autista engloba uma gama diversa de condições, como a Síndrome de Asperger e o autismo clássico.
Os sintomas do autismo geralmente aparecem na primeira infância, antes dos três anos de idade. Eles podem incluir dificuldades na comunicação verbal e não verbal, problemas para estabelecer e manter interações sociais, e comportamentos repetitivos ou estereotipados. Outras características comuns são a hipersensibilidade sensorial, interesses restritos e uma forte aderência a rotinas específicas. Alguns autistas podem ter habilidades excepcionais em áreas específicas, como matemática, música ou arte, enquanto outros podem precisar de apoio significativo em suas atividades diárias.
As variações dentro do espectro autista são amplas. Indivíduos com autismo de alto funcionamento podem viver de maneira relativamente independente, sentindo apenas dificuldades sutis nas interações sociais e na comunicação. Por outro lado, pessoas com autismo severo podem necessitar de cuidados intensivos e assistência em várias áreas da vida. Por essa razão, é essencial compreender que o autismo não é uma única condição homogênea, mas sim um espectro de manifestações diversificadas.
A inclusão e compreensão das pessoas autistas são fundamentais para garantir que elas possam participar plenamente na sociedade. A sensibilização e a educação sobre o autismo são passos importantes para combater preconceitos, promover a aceitação e estabelecer ambientes acolhedores e inclusivos. Quando a sociedade entende e respeita as diferenças das pessoas com autismo, está contribuindo para criar um mundo mais justo e igualitário para todos.
Por Que a Discriminação Contra Pessoas Autistas é Crime?
A discriminação contra pessoas autistas é crime no Brasil, amparada pelas bases legais e marcos jurídicos que buscam promover a igualdade de oportunidades e combater o preconceito. Um dos pilares dessa proteção é a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), conhecida também como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Esta legislação estabelece que a pessoa com deficiência, incluindo os autistas, tem direito à igualdade de condições e à não discriminação em todos os aspectos da vida.
A LBI define "discriminação" como "toda forma de distinção, restrição ou exclusão em razão da deficiência", o que abrange atitudes que impeçam ou dificultem o exercício de direitos e liberdades fundamentais em igualdade de condições com as demais pessoas. Além disso, a lei prevê penalidades rigorosas para atos discriminatórios, incluindo a imposição de multas e penas de reclusão.
Além da LBI, outras legislações complementares reforçam a proteção dos direitos dos autistas. Conforme o Decreto nº 6.949/2009, que promulga a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Brasil se comprometeu internacionalmente a garantir a dignidade, a autonomia individual e a plena e efetiva participação das pessoas com deficiência em sociedade, respeitando sua diferença e promovendo sua inclusão.
A Constituição Federal também desempenha um papel crucial, pois assegura que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (Art. 5º), e prevê que a negativa ou discriminação baseada em deficiência é inconstitucional. A educação inclusiva, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), também é um instrumento poderoso contra a discriminação, garantindo o acesso de autistas à educação de qualidade.
Ao compreendermos essas proteções jurídicas, é possível perceber que a discriminação contra pessoas autistas não é apenas uma questão ética, mas uma violação legal severamente punida. Tais medidas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde autistas desfrutem pleno exercício de seus direitos.
Impacto da Discriminação na Vida das Pessoas Autistas
A discriminação contra pessoas autistas tem consequências profundas e duradouras, afetando várias esferas de suas vidas. Primeiramente, o impacto emocional e psicológico é significativo. Ser alvo de atitudes discriminatórias pode desencadear sentimentos de ansiedade, depressão e baixa autoestima. A constante exposição a um ambiente hostil leva a uma sensação de isolamento e marginalização, exacerbando ainda mais o sofrimento emocional.
Além dos danos psicológicos, a discriminação também prejudica a capacidade das pessoas autistas de se integrarem plenamente na sociedade. No ambiente de trabalho, por exemplo, a falta de entendimento e adaptações necessárias pode limitar gravemente suas oportunidades de emprego e progresso profissional. Muitas vezes, as pessoas autistas são subestimadas quanto às suas habilidades e potencial, o que resulta em menor empregabilidade e em funções abaixo de suas qualificações.
A educação é outra área crucial onde a discriminação se manifesta. A falta de apoio adequado nas escolas e universidades pode dificultar o aprendizado e o desenvolvimento acadêmico dos alunos autistas. A ausência de estratégias pedagógicas inclusivas e de compreensão dos desafios específicos enfrentados por esses estudantes pode resultar em menor rendimento escolar e maior taxa de abandono educacional.
As relações sociais também sofrem graves consequências. Atitudes preconceituosas dificultam a formação de laços de amizade e redes de apoio, essenciais para o bem-estar e crescimento pessoal. A discriminação social frequentemente leva ao isolamento, privando as pessoas autistas de interações benéficas e construtivas.
Portanto, é fundamental aumentar a conscientização sobre os direitos das pessoas autistas e promover ações inclusivas para combater a discriminação. Somente através da educação e da sensibilização é possível construir uma sociedade onde todos os indivíduos, independentemente de suas condições, sejam respeitados e valorizados.
Como Identificar e Combater a Discriminação
Identificar a discriminação contra pessoas autistas é o primeiro passo essencial para combater esse problema. A discriminação pode se manifestar de diversas formas, como através de comportamentos excludentes, comentários preconceituosos ou pela negação de oportunidades educativas e profissionais. É fundamental reconhecer que discriminar uma pessoa com autismo não é apenas antiético, mas também uma violação de direitos humanos e deve ser tratado como crime segundo a legislação brasileira.
Entre os comportamentos discriminatórios, destacam-se comentários que minimizam ou ridicularizam as capacidades da pessoa autista, a exclusão deliberada em ambientes sociais ou profissionais, e a falta de acomodações razoáveis em escolas ou locais de trabalho. Iniciativas como negar matrícula em escolas comuns, restringir o acesso a serviços ou oportunidades de desenvolvimento, ou a exigência de condições que não considerem as necessidades específicas dos autistas constituem formas evidentes de discriminação.
Ao presenciar ou experimentar uma situação de discriminação, é crucial agir de maneira assertiva. Documentar o ocorrido, seja anotando detalhadamente os fatos ou coletando testemunhos, é uma etapa importante para construir um caso sólido. Em seguida, é recomendável reportar o incidente às autoridades competentes, como a Delegacia de Polícia, o Ministério Público ou órgãos de defesa dos direitos da pessoa com deficiência. A denúncia ajuda a responsabilizar os infratores e a educar a sociedade sobre a importância de respeitar os direitos das pessoas autistas.
Além de reportar, promover a conscientização e a educação nos diversos ambientes – escolas, empresas e comunidades – é fundamental para prevenir novos casos de discriminação. Campanhas de sensibilização, treinamentos sobre inclusão e o compartilhamento de recursos informativos sobre o autismo são ferramentas práticas e eficazes. Combater a discriminação é uma responsabilidade coletiva que exige vigilância contínua e ações concretas para garantir um ambiente inclusivo e justo para todos.
Direitos das Pessoas Autistas
A legislação brasileira tem evoluído significativamente para garantir os direitos das pessoas autistas, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva. Entre os principais direitos assegurados, destaca-se o direito à educação. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI - Lei nº 13.146/2015) afirma que todas as pessoas com deficiência, incluindo as pessoas autistas, têm direito de acesso à educação em todos os níveis. Isso implica que instituições de ensino devem promover adaptações curriculares e garantir a presença de profissionais capacitados para oferecer apoio educacional adequado.
Além da educação, o direito à saúde é crucial. O Sistema Único de Saúde (SUS) deve proporcionar atendimento integral às pessoas autistas, incluindo diagnóstico precoce, tratamento, e terapias variadas como fonoaudiologia e psicologia. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei Berenice Piana - Lei nº 12.764/2012) reforça que os autistas devem receber assistência médica individualizada e contínua, essencial para o desenvolvimento pleno dessas pessoas.
No âmbito do trabalho, a legislação é taxativa ao garantir que pessoas com deficiência, incluindo os autistas, tenham direito ao trabalho e ao emprego. Essas garantias estão previstas na CLT e na LBI, que estabelecem cotas de contratação para empresas com mais de 100 empregados e a necessidade de ambientes adaptados às necessidades dos trabalhadores autistas. A promoção de oportunidades de emprego contribui enormemente para a autonomia e vida digna das pessoas autistas.
Ademais, a acessibilidade é um direito inalienável de todas as pessoas com deficiência. A legislação brasileira, incluindo a LBI, determina que espaços públicos e privados devem ser acessíveis, contemplando a inclusão das pessoas autistas. Isso envolve adaptações arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais que permitam a plena participação e integração na sociedade.
A efetiva implementação e respeito a esses direitos são fundamentais para combater a discriminação e promover a cidadania plena das pessoas autistas. Cada um de nós, indivíduos e instituições, temos um papel crucial na construção de um ambiente inclusivo e equitativo.
Recursos e Onde Buscar Ajuda
A discriminação contra pessoas autistas é crime, e é crucial saber onde buscar apoio em caso de violação dos direitos dessas pessoas. Variadas instituições e organizações desempenham um papel fundamental ao oferecer suporte de diversas naturezas, seja jurídico, psicológico ou social, para as pessoas autistas e suas famílias.
Assistência Jurídica
É essencial conhecer serviços jurídicos especializados que possam orientar sobre os direitos das pessoas autistas. O Ministério Público, por exemplo, dispõe de promotorias especializadas em defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Além disso, a Defensoria Pública oferece assessoria jurídica gratuita para quem não pode arcar com honorários advocatícios, ajudando na denúncia de discriminação e na busca por reparação.
Apoio Psicológico e Social
O suporte psicológico é outro aspecto vital. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) possuem profissionais qualificados para atender pessoas autistas, proporcionando tratamento e suporte psicológico contínuo. Paralelamente, serviços de assistência social, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), podem auxiliar com a inclusão social e acesso a benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Grupos de Apoio e ONGs
Existem também diversos grupos de apoio e ONGs espalhadas pelo país que se dedicam à causa autista. Instituições como a Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (ABRAÇA) e o Instituto Autismo & Vida fornecem apoio, informação e advocacia. Participar de grupos de apoio pode ser extremamente benéfico, pois facilita a troca de experiências entre famílias e promove um sentimento de comunidade e compreensão.
Por fim, a Associação Brasileira de Autismo (ABRA) é outro recurso valioso, oferecendo informações abrangentes sobre os direitos das pessoas autistas e promovendo a inclusão e igualdade.
Buscar ajuda desses recursos pode ser um passo fundamental para garantir que os direitos das pessoas autistas sejam respeitados e que a discriminação contra elas seja combatida de forma eficaz e contínua.
Fale Conosco
Entre em contato da melhor forma que preferir, por telefone, e-mail, agendando uma visita ou deixando uma mensagem.


Siga-nos nas redes sociais
Contato
(41) 3233 - 2499
(41) 99938-3905
atendimento@munizneves.adv.br
Horário de Atendimento:
De segunda a sexta-feira das 9:00 às 18:00


Avenida Toaldo Túlio, nº 1835 - Santa Felicidade, CEP: 82300-333 - Curitiba/PR




OAB/PR 13.526